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sexta-feira, 27 de março de 2015

Ângelus: V Domingo da Quaresma - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 22 de março de 2015

Queridos irmãos e irmãs!
Neste V Domingo de Quaresma o evangelista João chama a nossa atenção com um pormenor curioso: alguns «gregos», de religião hebraica, vindos de Jerusalém para a festa da Páscoa, dirigem-se ao apóstolo Filipe, dizendo-lhe: «Senhor, queremos ver Jesus» (Jo 12,21). Na cidade santa, onde Jesus foi pela última vez, há muitas pessoas. Estão presentes os pequeninos e os simples, que acolheram alegremente o profeta de Nazaré reconhecendo n’Ele o Enviado do Senhor. Estão presentes os sumos sacerdotes e os chefes do povo, que querem eliminá-Lo, porque o consideram herético e perigoso. Há também muitas pessoas, como por exemplo aqueles «gregos», que estão curiosos para vê-Lo e saber mais sobre a sua pessoa e as obras cumpridas por Ele, a última dos quais - a ressurreição de Lázaro - causou grande agitação.

«Queremos ver Jesus»: estas palavras, como muitas outras nos Evangelhos, vão para além do episódio particular e exprimem algo universal; revelam um desejo que atravessa as épocas e as culturas, um desejo presente no coração de muitas pessoas que ouviram falar de Jesus, mas ainda não o encontraram. «Eu desejo ver Jesus», assim sente o coração desta gente.

Respondendo indiretamente, de maneira profética, àquele pedido de poder vê-Lo, Jesus pronuncia uma profecia que desvela a sua identidade e indica o caminho para o conhecer verdadeiramente: «É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado» (Jo 12,23). Chegou a hora da Cruz! Chegou a hora da derrota de Satanás, príncipe do mal, e do triunfo definitivo do amor misericordioso de Deus. Cristo declara que será «elevaado da terra» (v. 32), uma expressão que tem um duplo significado: «elevado» porque crucificado, e «elevado» porque exaltado pelo Pai na Ressurreição, para atrair todos a si e reconciliar os homens com Deus e entre eles. A hora da cruz, a mais obscura da história, é também a fonte da salvação para quantos acreditam n’Ele.

Prosseguindo a profecia sobre a sua Páscoa já iminente, Jesus usa uma imagem simples e sugestiva, a do «grão de trigo» que, ao cair na terra, morre para produzir fruto (v. 24). Nesta imagem encontramos outro aspecto da Cruz de Cristo: o da fecundidade. A cruz de Cristo é fecunda. Com efeito, a morte de Jesus é uma fonte inesgotável de vida nova, porque traz em si a força regeneradora do amor de Deus. Imergidos neste amor pelo Batismo, os cristãos podem tornar-se «grãos de trigo» e dar muito fruto se, como Jesus, «perderem a própria vida» por amor de Deus e dos irmão (v. 25).

Por esta razão, a quantos hoje «querem ver Jesus», a quantos estão à procura do rosto de Deus; a quem recebeu uma catequese quando era pequeno e depois não a aprofundou e talvez perdeu a fé; aos numerosos que ainda não encontraram Jesus pessoalmente... a todas estas pessoas podemos oferecer três coisas: o Evangelho, o crucifixo e o testemunho da nossa fé, pobre, mas sincera. O Evangelho: ali podemos encontrar Jesus, ouvi-lo, conhecê-lo. O crucifixo: sinal do amor de Jesus que se entregou a si mesmo por nós. E também uma fé que se traduz em gestos simples de caridade fraterna. Mas principalmente na coerência de vida entre o que dizemos e o que vivemos, coerência entre a nossa fé e a nossa vida, entre as nossas palavras e as nossas ações. Evangelho, crucifixo, testemunho. Que Nossa Senhora nos ajude a carregar estas três coisas.


Fonte: Santa Sé.

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