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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ângelus: VI Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 15 de fevereiro de 2015

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Nos últimos domingos o evangelista Marcos tem-nos contado a ação de Jesus contra qualquer espécie de mal, em benefício dos sofredores no corpo e no espírito: endemoniados, doentes, pecadores... Ele apresenta-se como aquele que combate e vence o mal onde quer que o encontre. No Evangelho de hoje (Mc 1,40-45) esta sua luta enfrenta um caso emblemático, porque o doente é um leproso. A lepra é uma doença contagiosa e impetuosa, que desfigura a pessoa e que era símbolo de impureza: o leproso tinha que estar fora dos centros habitados e assinalar a sua presença aos transeuntes. Era marginalizado pela comunidade civil e religiosa. Era como um morto ambulante.

O episódio da cura do leproso desenvolve-se em três fases: a invocação do doente, a resposta de Jesus, as consequências da cura prodigiosa. O leproso suplica Jesus «de joelhos» e diz-lhe: «Se queres, podes purificar-me» (v. 40). A este pedido humilde e confiante, Jesus reage com uma atitude profunda do seu ânimo: a compaixão. E «compaixão» é uma palavra muito profunda: compaixão significa «padecer com o outro». O coração de Cristo manifesta a compaixão paterna de Deus pelo homem, aproximando-se dele e tocando-o. E este pormenor é muito importante. Jesus «estendeu a mão, tocou-o... e imediatamente a lepra desapareceu e ele ficou purificado» (v. 41). A misericórdia de Deus supera qualquer barreira e a mão de Jesus toca o leproso. Ele não para à distância de segurança e não age por delegação, mas expõe-se diretamente ao contágio do nosso mal; e assim precisamente o nosso mal torna-se o lugar do contato: Ele, Jesus, assume de nós a nossa humanidade doente e nós assumimos d’Ele a sua humanidade que é sadia e cura. Isto acontece todas as vezes que recebemos com fé um sacramento: o Senhor Jesus «toca-nos» e concede-nos a sua graça. Neste caso pensamos sobretudo no Sacramento da Reconciliação, que nos cura da lepra do pecado.

Mais uma vez o Evangelho nos mostra o que faz Deus perante o nosso mal: Deus não vem para «dar uma lição» sobre o sofrimento; também não vem para eliminar do mundo o sofrimento e a morte; ao contrário, Ele vem para carregar sobre si o peso da nossa condição humana, para assumi-lo completamente, para nos libertar de modo radical e definitivo. Assim Cristo combate os males e os sofrimentos do mundo: assumindo-os sobre si e vencendo-os com a força da misericórdia de Deus.

A nós, hoje, o Evangelho da cura do leproso diz que, se quisermos ser verdadeiros discípulos de Jesus, somos chamados a tornar-nos, unidos a Ele, instrumentos do seu amor misericordioso, superando qualquer tipo de marginalização. Para ser «imitadores de Cristo» (cf. 1Cor 11,1) diante de um pobre ou de um doente, não devemos ter medo de olhar diretamente para ele e de nos aproximarmos com ternura e compaixão, e de tocá-lo e abraçá-lo. Eu peço com frequência às pessoas que ajudam os outros que o façam olhando diretamente para elas, que não tenham medo de tocá-las; que o gesto de ajuda seja também um gesto de comunicação: também nós precisamos ser acolhidos por eles. Um gesto de ternura, um gesto de compaixão... Mas eu vos pergunto: vós, quando ajudais os outros, olhais diretamente para eles? Acolhei-os sem receio de tocar-lhes? Acolhei-os com ternura? Pensai nisto: como ajudais? À distância ou com ternura, com proximidade? Se o mal é contagioso, o bem também é. Por conseguinte, é preciso que em nós abunde, cada vez mais, o bem. Deixemo-nos contagiar pelo bem e contagiemos o bem!

Jesus cura o leproso
(Catedral de Monreale, Itália)

Fonte: Santa Sé.

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