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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Homilia do Papa: III Domingo do Advento - Ano B

Visita Pastoral à Paróquia Romana de São José all'Aurelio
Homilia do Papa Francisco
14 de dezembro de 2014

Neste domingo, a Igreja antecipa um pouco a alegria do Natal, e por este motivo é chamado o «domingo da alegria». Neste período, tempo de preparação para o Natal, para celebrar a Missa vestimo-nos com paramentos de cor escura, mas hoje os paramentos são cor-de-rosa, porque floresce o júbilo do Natal. E a alegria do Natal é um júbilo especial; e trata-se de uma alegria que não é unicamente para o dia de Natal, mas para a vida inteira do cristão. Trata-se de um júbilo sereno, tranquilo, de uma alegria que acompanha sempre o cristão. Inclusive nos momentos difíceis, nas horas de dificuldade, esta alegria torna-se paz. Quando é autêntico, o cristão nunca perde a sua paz, nem sequer no meio dos sofrimentos. Aquela paz constitui um dom do Senhor. A alegria cristã é uma dádiva do Senhor. «Ah, padre, nós faremos um banquete, e todos estaremos contentes!». Isto é bonito, um bom almoço faz bem; mas esta não é a alegria cristã da qual falamos hoje; o júbilo cristão é diferente. Ele leva-nos também a fazer festa, é verdade, mas trata-se de algo diferente. É por este motivo que a Igreja nos quer levar a compreender no que consiste esta alegria cristã.

O apóstolo são Paulo já dizia aos Tessalonicenses: «Irmãos, sede sempre felizes!». E como posso ser feliz? É ele mesmo que diz: «Rezai, ininterruptamente, e dai graças por tudo!». Podemos encontrar a alegria cristã na oração, dado que tal júbilo vem da prece, mas também da ação de graças a Deus: «Obrigado, Senhor, por toda esta beleza!». Mas certas pessoas não sabem dar graças a Deus: procuram sempre algo do que se queixar. Eu conhecia uma religiosa - longe daqui! - era uma irmã muito boa, trabalhava... mas a sua vida era uma lamentação, murmurava de tantas coisas que lhe aconteciam... No convento chamavam-lhe «Irmã Queixume», entende-se. No entanto, o cristão não pode viver assim, sempre à procura de situações das quais se queixar: «Aquela pessoa possui algo que eu não tenho, aquilo... Viste o que aconteceu? ...». Isto não é cristão! E faz mal encontrar cristãos com a cara amargurada, com um rosto inquieto devido à amargura, alguém que não vive em paz. Os santos, as santas, nunca têm uma cara de funeral, nunca! Os santos têm sempre uma cara de alegria. Ou pelo menos, nos sofrimentos, o rosto da paz. O máximo sofrimento foi o martírio de Jesus: Ele tinha um semblante de paz quando se preocupava pelos outros: pela sua Mãe, por João, com o ladrão... preocupava-se com os outros!

Para ter esta alegria cristã, em primeiro lugar é preciso rezar; em segundo lugar, dar graças. E como me devo comportar, para dar graças? Recorda-te da tua vida, e pensa nas numerosas situações positivas que a tua vida te proporcionou: numerosas! «Padre, isto é verdade, mas eu passei também por tantas situações negativas!» - «Sim, é verdade, acontece com todos. Mas pensa nas coisas boas!» - «Tive uma família cristã, pais cristãos, graças a Deus disponho de um trabalho, a minha família não passa fome, todos nós gozamos de boa saúde...». Não sei, há muitas situações pelas quais dar graças ao Senhor. É precisamente isto que nos habitua à alegria. Rezar, dar graças...

Além disso, a primeira Leitura sugere-nos mais uma dimensão que nos ajudará a ser alegres: transmitir a boa notícia também aos outros. Nós somos cristãos. «Cristãos» vem de «Cristo», e «Cristo» significa «ungido». Por isso, nós somos «ungidos»: o Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me consagrou com a unção. Nós estamos ungidos: «cristãos» quer dizer «ungidos». E por que motivo somos ungidos? Para realizar algo? «Ele enviou-me para transmitir o alegre anúncio», mas a quem? «Aos miseráveis», «curar as chagas dos corações feridos, proclamar a liberdade aos cativos, libertação aos prisioneiros, promulgar o ano da graça do Senhor» (cf. Is 61,1-2). Esta é a vocação de Cristo e também a vocação dos cristãos. Ir ao encontro do próximo, daqueles que vivem em necessidade, tanto material como espiritual... Há muitas pessoas que sofrem angustiados, devido a problemáticas familiares... É preciso levar ali a paz, a unção de Jesus, aquele azeite de Jesus que faz muito bem e consola as almas.

Por conseguinte, para possuir esta alegria na preparação do Natal, em primeiro lugar é necessário rezar: «Senhor, que eu viva este Natal com a alegria autêntica!». Não com a alegria do consumismo, que nos leva até ao dia 24 de Dezembro, todos cheios de ansiedade, porque: «Ah, ainda me falta isto, ainda me falta aquilo...». Não, esta não é a alegria de Deus! É preciso rezar. Em segundo lugar: dar graças ao Senhor por tudo o que nos concedeu de bom. Em terceiro lugar, devo pensar como posso ir ao encontro dos outros, daqueles que estão em dificuldade, que têm problemas - pensemos nos enfermos, em tantas problemáticas - para lhes levar um pouco de unção, de paz e de alegria. Nisto consiste o júbilo do cristão. Concordais? Faltam apenas 15 dias, um pouco menos: 13 dias. Nestes dias, oremos! Mas não vos esqueçais: rezemos, para pedir a alegria do Natal. Demos graças a Deus por tudo aquilo que Ele nos concedeu, antes de tudo pela fé. Esta é uma graça grandiosa. Em terceiro lugar, pensemos onde posso ir levar um pouco de alívio, de paz a quantos sofrem. Oração, ação de graças e ajuda ao próximo. E deste modo chegaremos ao Natal do Ungido, de Cristo, ungidos de graça, de oração, de acção de graças e de ajuda ao próximo.
Que Nossa Senhora nos acompanhe ao longo deste caminho rumo ao Natal. Mas com alegria, com alegria!


Fonte: Santa Sé.

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