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sábado, 11 de outubro de 2014

Cinco anos da Canonização de São Zygmunt Felinski

Celebramos hoje cinco anos da Canonização de São Zygmunt Szczesny Felinski, Bispo, fundador da Congregação das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria, celebrada pelo Papa Bento XVI na Basílica Vaticana no dia 11 de outubro de 2009.
Para tornar mais conhecido este grande santo, publicamos a biografia que consta no livreto da celebração:

PERFIL BIOGRÁFICO DO NOVO SANTO

ZYGMUNT SZCZĘSNY FELIŃSKI nasceu no dia 1 de Novembro de 1822 na localidade de Wojutyn, perto de Luck, na região de Volínia (na atual Ucrânia). Era filho de uma família nobre, de Geraldo e de Eva Wendorff, mulher de grande mente, escritora das Memórias.
A atmosfera Cristã da casa familiar deu-lhe forte alicerce da fé e moral. Dos pais aprendeu o amor a Deus, a dedicação à Pátria e o respeito ao ser humano. Graças a esses valores conseguiu ultrapassar os difíceis momentos da morte do pai e do exílio da mãe para a Sibéria devido a sua atividade patriótica, seguida da confiscação dos bens da família e do abandono dos seis irmãos que ficaram sem teto.
Aos 17 anos deixou a casa cheio de fé e confiança na Providência Divina. A única riqueza que levava era «o coração inocente, a religião e o amor fraterno». Formou-se em matemática em Moscou, enquanto que na Sorbonne e na College de France estudou letras. Como lema de vida tinha: «Ser polonês na terra é viver divina e nobremente». Deu provas do seu patriotismo participando na Insurreição de Poznań (1848), enquanto que a amizade com o grande vulto da poesia polonesa, Julio Slowacki, enalteceu o seu espírito. Em Paris, atento à voz do Senhor a chamá-lo, escolheu o caminho do sacerdócio.
Em 1851 volta para o país e ingressa no Seminário em Żytomierz. A seguir estuda na Academia Eclesiástica de São Petersburgo, onde foi ordenado padre (1855). Inspirado pelo espírito de misericórdia fundou o Asilo dos Órfãos e a Congregação das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria (1857), desempenhando ao mesmo tempo funções de diretor espiritual e professor na Academia. Deu-se a conhecer como excelente pregador e confessor, mas sobretudo era tido como «apóstolo, cheio de humildade, homem de grande ciência e cultura», «protetor dos pobres e órfãos».
Nomeado no dia 6 de Janeiro de 1862 arcebispo de Varsóvia pelo Papa Pio IX desempenhou esse múnus apenas 16 meses, em condições extremamente difíceis. Mesmo assim conseguiu desenvolver uma atividade frutífera no sentido de animar a vida religiosa da arquidiocese. Esse «Homem da Providência», sinal da «Misericódia Divina », criou na capital o Centro de renascimento; organizou missões e retiros nas igrejas, hospitais e prisões; apelava aos sacerdotes a cumprirem com fervor a sua vocação, se preocuparem pela sobriedade da nação, à pregação da Palavra de Deus, a catequese e desenvolvimento do ensino. Divulgou o culto do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora, e em sua homenagem difundiu na arquidiocese as celebrações no mês de Maio; apoiou o movimento franciscano. Preocupado com a educação das crianças e dos jovens fundou na Capital o orfanato e a escola, entregando aos cuidados das Irmãs da Família de Maria.
Em Varsóvia foi como «Anjo da Paz», exortando a nação à reflexão e ao trabalho para o bem do país. Tendo experiência tentou influir para acalmar a mente dos poloneses e impedir o derramamento de sangue. Após a explosão da insurreição de Janeiro (1863), tomou posição de defesa dos oprimidos. A mudança da política da Rússia frente ao Reino da Polónia fez com que o Arcebispo se tornasse pessoa não desejada, e foi chamado a São Petersburgo. Partiu de Varsóvia no dia 14 de Junho de 1863 sob escolta militar como um prisioneiro político.
Condenado ao exílio no interior da Rússia, passou 20 anos em Jaroslaw às margens do rio Volga dedicando-se à oração, ao apostolado e às obras de misericórdia numa vida cheia de santidade; tomou conta dos exilados siberianos, levando-lhes a consolação espiritual e a ajuda material. A memória do «santo bispo polonês», manteve-se viva nas margens do rio Volga por várias décadas. Passados 20 anos, em resultado do entendimento entre o Governo da Rússia e o Vaticano foi libertado (1883), mas sem poder voltar a Varsóvia.
Feliński passou os últimos anos da sua vida como bispo titular de Tarso na aldeia de Dźwiniaczka (diocese de Lvov), sob a ocupação Austríaca dedicando-se ao trabalho pastoral, social e educacional junto ao povo camponês. Nesse meio rural implementou o espírito do renascimento religioso, do convívio entre os poloneses e ucranianos e uma cooperação frutífera em nome de uma fraternidade evangélica. Esse povo considerou-o como pai e protetor, como «santo» sacerdote.
O arcebispo Feliński faleceu no dia 17 de Setembro de 1895 em Cracóvia, em opinião de santidade. Após a morte foi escrito: «partiu um grande coração»; deixando a real herança - «um traje eclesiástico, um livro de orações e muito amor entre o povo». Após o funeral solene em Cracóvia, os restos mortais foram sepultados no cemitério de Dźwiniaczka, rodeado de respeito tanto pelos poloneses, como pelos ucranianos. Passados 25 anos, quando a Polônia recuperou a sua independência, foram trasladados para Varsóvia (1920) e depositados na Catedral de São João Batista (1921).
A Congregação das Irmãs Franciscanas da Família de Maria nasceu de uma pequena semente lançada pelo padre Feliński em São Petersburgo no ano 1857 e cresceu transformando-se numa grande família. Atualmente as Irmãs trabalham na Polônia, Brasil, Itália, Bielorrússia, Ucrânia, Federação Russa e no Cazaquistão.
A vida de Feliński desde cedo foi marcada pelo desejo da santidade. Para Ele Cristo era «Caminho, Verdade e Vida ». Queria conseguir tal união com Deus para dizer com São Paulo: «Não mais vivo eu, mas Cristo vive em mim» Caracterizava-o uma sólida fé e uma confiança na Providência Divina, para Ele o amor a Deus e à Igreja, sacrifício pela Pátria e o respeito as pessoas, estavam acima de tudo. A sua espiritualidade baseava-se na retidão, fortaleza e justiça. Emanava igualmente a dedicação e misericórdia, marcadas pelo espírito franciscano de serenidade, humildade, simplicidade, trabalho e pobreza.
Sua memória, a fama de santidade e várias curas por sua interferência, contribuíram para a abertura do processo da sua beatificação. O cardeal Stefan Wyszyński, abriu o processo da beatificação no ano de 1965 em Varsóvia; desde o ano 1984 o trabalho foi continuado em Roma. O Papa João Paulo II o beatificou no dia 18 de agosto do ano 2002 em Cracóvia.
A sua vida é um tesouro que nos permite espreitar o seu espírito e a sua luz. A canonização do Pastor-Exilado anima a refletir sobre a família e seu renascimento, sobre a construção de uma casa comum - que é a Pátria, sob a proteção da Providência Divina e de Nossa Senhora.


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