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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

VII Catequese do Papa sobre a Igreja

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 17 de Setembro de 2014

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Esta semana continuamos a falar sobre a Igreja. Quando professamos a nossa fé, afirmamos que a Igreja é «católica» e«apostólica». Mas qual é realmente o significado destas duas palavras, destas duas notas características da Igreja? E que valor têm elas para as comunidades cristãs e para cada um de nós?
Católica significa universal. Uma definição completa e clara é-nos oferecida por um dos Padres da Igreja dos primeiros séculos, são Cirilo de Jerusalém, quando afirma: «Sem dúvida, a Igreja é definida católica, ou seja universal, porque está espalhada por toda a parte, de lés a lés da terra; e porque universalmente e sem falta ensina todas as verdades que devem chegar ao conhecimento dos homens, quer em relação às realidades celestiais, quer às terrestres» (Catequese XVIII, 23).
Sinal evidente da catolicidade da Igreja é que ela fala todas as línguas. E este é simplesmente o efeito do Pentecostes (cf. At 2, 1-13): de facto, foi o Espírito Santo que tornou os Apóstolos e a Igreja inteira capazes de fazer ressoar a todos, até aos confins da terra, a Boa Notícia da salvação e do amor de Deus. Assim a Igreja nasceu católica, isto é «sinfónica» desde as origens, e não pode deixar de ser católica, orientada para a evangelização e para o encontro com todos. Hoje, a Palavra de Deus lê-se em todas as línguas, todos dispõem do Evangelho para o ler na própria língua. E insisto sobre este conceito: é sempre bom ter connosco um Evangelho pequeno, no bolso, na bolsa, para ler um seu trecho durante o dia. Isto faz-nos bem! O Evangelho é propagado em todas as línguas porque a Igreja, o anúncio de Jesus Cristo Redentor, está no mundo inteiro. É por isso que se diz que a Igreja é católica, porque é universal.
Se a Igreja nasceu católica, quer dizer que nasceu «em saída», que nasceu missionária. Se os Apóstolos tivessem permanecido ali no cenáculo, sem sair para anunciar o Evangelho, a Igreja seria apenas daquele povo, daquela cidade, daquele cenáculo. Mas todos saíram pelo mundo fora, desde o instante do nascimento da Igreja, da descida do Espírito Santo sobre eles. Por isso a Igreja nasceu «em saída», ou seja, missionária. É isto que dizemos quando a qualificamos como apostólica, porque o apóstolo é quem anuncia a Boa Notícia da Ressurreição de Jesus. Este termo recorda-nos que a Igreja, assente nos Apóstolos e em continuidade com eles - foram os Apóstolos que partiram e fundaram novas Igrejas, constituindo novos bispos, e assim no mundo inteiro, em continuidade. Hoje, todos nós vivemos em continuidade com aquele grupo de Apóstolos que recebeu o Espírito Santo e depois «saiu» para pregar - a Igreja é enviada a anunciar a todos os homens esta notícia do Evangelho, acompanhando-o com os sinais da ternura e do poder de Deus. Também isto deriva do evento do Pentecostes: com efeito, é o Espírito Santo que nos faz superar toda a resistência, vencer a tentação de nos fecharmos em nós mesmos, entre poucos escolhidos, e de nos considerarmos os únicos destinatários da Bênção de Deus. Se, por exemplo, alguns cristãos fazem isto, dizendo: «Nós somos os eleitos, só nós», no final morrerão. Primeiro na alma e depois no corpo, porque não têm vida, não são capazes de gerar a vida, outras pessoas, outros povos: não são apostólicos. É precisamente o Espírito que nos leva ao encontro dos irmãos, até daqueles mais distantes em todos os sentidos, para que possam compartilhar connosco o amor, a paz e a alegria que o Senhor Ressuscitado nos concedeu.
Que comporta, para as nossas comunidades e para cada um de nós, fazer parte de uma Igreja que é católica e apostólica? Antes de tudo, significa preocupar-se com a salvação da humanidade inteira, sem nos sentirmos indiferentes ou alheios diante do destino de tantos dos nossos irmãos, mas abertos e solidários para com eles. Além disso, significa ter o sentido da plenitude, da integridade e da harmonia da vida cristã, rejeitando sempre as posições parciais, unilaterais, que nos fecham em nós mesmos.
Fazer parte da Igreja apostólica quer dizer estar conscientes de que a nossa fé se encontra ancorada no anúncio e no testemunho dos próprios Apóstolos de Jesus, está ancorada lá, é uma longa cadeia que começa lá; e por isso sentir-nos sempre enviados, mandados, em comunhão com os sucessores dos Apóstolos, para anunciar com o coração cheio de alegria Cristo e o seu amor por toda a humanidade. E aqui gostaria de recordar a vida heróica de numerosos missionários e missionárias que deixaram a sua pátria para ir anunciar o Evangelho noutros países, noutros Continentes. Dizia-me um Cardeal brasileiro que trabalha frequentemente na Amazónia, que quando vai a um lugar, a um povoado ou a uma cidade da Amazónia, visita sempre o cemitério e ali vê os túmulos dos missionários, sacerdotes, irmãos e irmãs que partiram para anunciar o Evangelho: apóstolos. E pensa: todos eles podem ser canonizados agora, pois deixaram tudo para anunciar Jesus Cristo. Demos graças ao Senhor porque a nossa Igreja tem e teve muitos missionários, mas ainda precisa de muitos mais! Demos graças ao Senhor por isso! Talvez no meio de tantos jovens, de tantas jovens que estão aqui, algum tenha a vontade de se tornar missionário: vá em frente! É bonito anunciar o Evangelho de Jesus! Que seja corajoso, seja corajosa!
Então, peçamos ao Senhor que renove em nós o dom do seu Espírito, a fim de que todas as comunidades cristãs e cada baptizado sejam expressão da santa Mãe Igreja católica e apostólica.


Fonte: Santa Sé

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