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terça-feira, 8 de julho de 2014

II Catequese do Papa sobre a Igreja

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 25 de Junho de 2014

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje há outro grupo de peregrinos unidos a nós na Sala Paulo VI: trata-se dos peregrinos enfermos, pois com este tempo, entre o calor e a possibilidade de chuva, era mais prudente que eles permanecessem ali. Contudo, estão ligados a nós através de uma tela gigante. E assim estamos unidos na mesma audiência. E hoje todos nós rezaremos especialmente por eles, pelas suas enfermidades. Obrigado!
Na primeira catequese sobre a Igreja, na quarta-feira passada, começamos a partir da iniciativa de Deus, o qual quer formar um povo que leve a sua Bênção a todos os povos da terra. Começa com Abraão e depois, com muita paciência - e Deus tem muita paciência! - prepara este povo na Antiga Aliança até o constituir em Jesus Cristo como sinal e instrumento da união dos homens com Deus e entre si (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. Lumen gentium, 1). Hoje, desejamos meditar sobre a importância, para o cristão de pertencer a este povo. Falaremos sobre a pertença à Igreja.
Não vivemos isolados e não somos cristãos a título individual, cada qual por sua própria conta, não, a nossa identidade cristã é pertença! Somos cristãos porque pertencemos à Igreja. É como um sobrenome: se o nome é «sou cristão», o sobrenome é «pertenço à Igreja». É muito bom observar que esta pertença se exprime também no nome que Deus atribui a Si mesmo. Com efeito, respondendo a Moisés, no maravilhoso episódio da «sarça ardente» (cf. Êx 3, 15), Ele define-se a Si mesmo como o Deus dos pais. Não diz: Eu sou o Todo-Poderoso..., não: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob. Deste modo, Ele manifesta-se como o Deus que fez uma aliança com os nossos pais e permanece sempre fiel ao seu pacto, chamando-nos a entrar nesta relação que nos precede. Esta relação de Deus com o seu povo precede-nos a todos, desde aquela época.
Em tal sentido o pensamento dirige-se, em primeiro lugar, com gratidão àqueles que nos precederam e que nos acolheram na Igreja. Ninguém se torna cristão por si só! É claro isto? Ninguém se torna cristão por si só! Os cristãos não se fazem no laboratório. O cristão faz parte de um povo que vem de longe. O cristão pertence a um povo que se chama Igreja, e é esta Igreja que o faz cristão, no dia do Baptismo e depois no percurso da catequese, e assim por diante. Mas ninguém se torna cristão por si só! Se cremos, se sabemos rezar, se conhecemos o Senhor, se podemos ouvir a sua Palavra, se O sentimos próximo de nós e se O reconhecemos nos irmãos, é porque outros, antes de nós, viveram a fé e porque depois no-la transmitiram. Nós recebemos a fé dos nossos pais, dos nossos antepassados; foram eles que no-la ensinaram. Se pensarmos bem, quem sabe quantos rostos de entes queridos passam diante dos nossos olhos neste momento! Pode ser o rosto dos nossos pais que pediram o Baptismo para nós; o dos nossos avós ou de algum familiar que nos ensinou a fazer o sinal da cruz e a recitar as primeiras orações. Recordo-me sempre do rosto da religiosa que me ensinou o catecismo, vem sempre ao meu pensamento - indubitavelmente, ela está no Céu, porque é uma mulher santa - mas eu recordo-me sempre dela e dou graças a Deus por esta religiosa. Ou então o rosto do pároco, de outro sacerdote, ou de uma religiosa, de um catequista, que nos transmitiu o conteúdo da fé e nos fez crescer como cristãos... Eis, esta é a Igreja: uma grande família na qual somos acolhidos e aprendemos a viver como crentes e discípulos do Senhor Jesus.
Podemos percorrer este caminho não apenas graças a outras pessoas, mas juntamente com outras pessoas. Na Igreja não existe «personalizações», não existem «jogadores livres». Quantas vezes o Papa Bento descreveu a Igreja como um «nós» eclesial! Às vezes ouvimos alguém dizer: «Eu creio em Deus, creio em Jesus, mas não me interesso pela Igreja...». Quantas vezes ouvimos isto? Assim não funciona. Alguns pensam que podem manter uma relação pessoal, directa, imediata com Jesus Cristo, fora da comunhão e da mediação da Igreja. São tentações perigosas e prejudiciais. Como dizia o grande Paulo VI, trata-se de dicotomias absurdas. É verdade que caminhar juntos é algo exigente, e por vezes pode ser cansativo: pode acontecer que algum irmão ou irmã nos cause problemas, ou provoque escândalos... Mas o Senhor confiou a sua mensagem de salvação a pessoas humanas, a todos nós, a testemunhas; e é nos nossos irmãos e nas nossas irmãs, com os seus dotes e os seus limites, que vem ao nosso encontro e se deixa reconhecer. É isto que significa pertencer à Igreja. Recordai-vos bem: ser cristão significa pertença à Igreja. O nome é «cristão» e o sobrenome, «pertença à Igreja».
Caros amigos, peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria Mãe da Igreja, a graça de nunca cair na tentação de pensar que podemos renunciar aos outros, que podemos prescindir da Igreja, que nos podemos salvar sozinhos, que somos cristãos de laboratório. Pelo contrário, não se pode amar a Deus sem amar os irmãos; não se pode amar a Deus fora da Igreja; não se pode viver em comunhão com Deus sem viver na Igreja; não podemos ser bons cristãos, a não ser juntamente com todos aqueles que procuram seguir o Senhor Jesus, como um único povo, um único corpo; é nisto que consiste a Igreja. Obrigado!

JMJ Rio 2013
Fonte: Santa Sé

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