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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Catequese do Papa: A Viagem à Terra Santa

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 28 de Maio de 2014
A peregrinação à Terra Santa

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Como sabeis, nos dias passados realizei uma peregrinação à Terra Santa. Foi um grande dom para a Igreja, e por isto dou graças a Deus. Ele guiou-me naquela Terra abençoada, que viu a presença histórica de Jesus e onde se verificaram acontecimentos essenciais para o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão. Desejo renovar o meu reconhecido cordial a Sua Beatitude o Patriarca Fouad Twal, aos Bispos dos vários Ritos, aos Sacerdotes e aos Franciscanos da Custódia da Terra Santa. Aqueles Franciscanos são bons! O seu trabalho, aquilo que eles fazem, é muito bom! Dirijo o meu pensamento agradecido também às Autoridades jordanas, israelitas e palestinas, que me receberam com muita cortesia, diria quase com amizade, assim como a todos aqueles que cooperaram para a realização da visita.
A finalidade principal desta peregrinação foi comemorar o cinquentenário do histórico encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras. Era a primeira vez que um Sucessor de Pedro visitava a Terra Santa: Paulo VI inaugurava assim, durante o Concílio Vaticano II, as viagens dos Papas fora da Itália na época contemporânea. Aquele gesto profético do Bispo de Roma e do Patriarca de Constantinopla pôs um marco miliário no caminho difícil mas promissor da unidade entre todos os cristãos que, a partir de então, deu passos relevantes. Por isso o meu encontro com Sua Santidade Bartolomeu, amado Irmão em Cristo, representou o momento culminante da visita. Juntos oramos no Sepulcro de Jesus e, ao nosso lado, encontravam-se o Patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém Teófilo III e o Patriarca Arménio Apostólico Nourhan, além de Arcebispos e Bispos de diversas Igrejas e Comunidades, Autoridades civis e numerosos fiéis. Naquele lugar onde ressoou o anúncio da Ressurreição, sentimos toda a amargura e o sofrimento das divisões ainda existentes entre os discípulos de Cristo; e, verdadeiramente, isto faz muito mal, mal ao coração. Ainda estamos divididos; nesse lugar ressoou precisamente o anúncio da Ressurreição, onde Jesus nos concede a vida, contudo ainda estamos um pouco divididos. Mas sobretudo, naquela celebração repleta de fraternidade, estima e afecto recíprocos, ouvimos forte a voz do Bom Pastor Ressuscitado, que quer fazer de todas as suas ovelhas um único rebanho; sentimos o desejo de curar as feridas ainda abertas e continuar com tenacidade pelo caminho rumo à plena comunhão. Mais uma vez, como fizeram os Papas precedentes, peço perdão pelo que fizemos para favorecer esta divisão, e suplico ao Espírito Santo que nos assista a sarar as feridas por nós causadas aos outros irmãos. Todos nós somos irmãos em Cristo e, com o Patriarca Bartolomeu somos amigos e irmãos, e compartilhamos a vontade de caminhar juntos, para levar a cabo tudo o que podermos fazer doravante: rezar e trabalhar juntos a favor da grei de Deus, procurar a paz, preservar a criação; temos muito em comum. E, como irmãos, devemos ir em frente.
Outra finalidade desta peregrinação foi encorajar naquela região o caminho rumo à paz, que é ao mesmo tempo dádiva de Deus e compromisso dos homens. Fi-lo na Jordânia, na Palestina e em Israel. E fi-lo sempre como peregrino, em nome de Deus e do homem, nutrindo no coração uma grande compaixão pelos filhos daquela Terra que, desde há muito tempo, convivem com a guerra e têm o direito de conhecer finalmente dias de paz!
Por isso, exortei os fiéis cristãos a deixar-se «ungir» com o coração aberto e dócil pelo Espírito Santo, para ser cada vez mais capazes de cumprir gestos de humildade, fraternidade e reconciliação. O Espírito permite que na vida quotidiana assumamos estas atitudes com pessoas de várias culturas e religiões, tornando-nos «pacificadores». A paz constrói-se artesanalmente! Não existem indústrias de paz, não! Ela edifica-se no dia-a-dia, de modo artesanal, e inclusive com o coração aberto, para que venha o dom de Deus. Foi por isso que exortei os fiéis cristãos a deixar-se «ungir».
Na Jordânia agradeci às Autoridades e ao povo o compromisso assumido no acolhimento de numerosos refugiados provenientes das regiões de guerra, um esforço humanitário que merece e exige o apoio constante da parte da Comunidade internacional. Fiquei impressionado com a generosidade do povo jordano na recepção dos refugiados, de tantas pessoas que fogem da guerra naquela região. Que o Senhor abençoe aquele povo hospitaleiro, que o encha de bênçãos! Quanto a nós, devemos rezar a fim de que o Senhor abençoe esta hospitalidade, pedindo a todas as instituições internacionais que ajudem aquele povo neste trabalho de acolhimento que leva a cabo. Durante a peregrinação, encorajei também noutros lugares as Autoridades a procurar dar continuidade aos esforços para diminuir as tensões na região médio-oriental, principalmente na martirizada Síria, bem como a continuar a busca de uma solução equitativa para o conflito israelo-palestino. Foi por isto que convidei o Presidente de Israel e o Presidente da Palestina, ambos homens de paz e pacificadores, para virem ao Vaticano, a fim de rezar juntos comigo pela paz. E por favor, peço-vos que não nos deixeis sozinhos: orai, rezai muito para que o Senhor nos conceda a paz, que ofereça a paz àquela Terra abençoada! Conto com as vossas orações. Rezai com força neste tempo, orai muito para que chegue a paz!
Esta peregrinação à Terra Santa foi também a ocasião para confirmar na fé as comunidades cristãs, que sofrem muito, e manifestar a gratidão da Igreja inteira pela presença dos cristãos naquela região e em todo o Médio Oriente. Estes nossos irmãos são intrépidas testemunhas de esperança e caridade, «sal e luz» daquela Terra. Com a sua vida de fé e de oração, e com a apreciada actividade educativa e assistencial, eles trabalham a favor da reconciliação e do perdão, contribuindo para o bem comum da sociedade. Mediante esta peregrinação, que constitui uma autêntica graça do Senhor, desejei transmitir uma palavra de esperança mas, por minha vez, também eu a recebi! Recebi-a de irmãos e irmãs que esperam «contra toda a esperança» (Rm 4, 18), através de numerosos sofrimentos, como aqueles de quantos fugiram do próprio país por causa dos conflitos; como aqueles de quantos, em várias partes do mundo, são discriminados e desprezados por causa da sua fé em Cristo. Continuemos a estar próximos deles! Oremos por eles e pela paz na Terra Santa e em todo o Médio Oriente! A oração da Igreja inteira sustente inclusive o caminho para a plena unidade entre os cristãos, para que o mundo creia no amor de Deus que, em Jesus Cristo, veio habitar no meio de nós.

E agora convido todos vós a rezar juntos, a orar juntos a Nossa Senhora, Rainha da paz, Rainha da unidade entre os cristãos, Mãe de todos os cristãos: que Ela nos conceda a paz, ao mundo inteiro, e que nos acompanhe nesta vereda de unidade. [Ave Maria...].


Fonte: Santa Sé

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