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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Ata da morte do Papa João Paulo II

Hoje, 02 de abril de 2014, celebramos o nono ano da morte do Bem-aventurado Papa João Paulo II. Na iminência de sua canonização no próximo dia 27 e para perpétua memória de seu insigne pontificado, publicamos aqui a ata de sua morte e sepultura (em latim, rogitus):

Obitus, Depositio et Tumulatio
Ioannis Pauli PP II sanctae memoriae

Na luz de Cristo Ressuscitado dos mortos, a 02 de abril do ano do Senhor de 2005, às 21h37min da noite, quando o dia de sábado chegava ao fim e já tínhamos entrado no dia do Senhor, Oitava de Páscoa e Domingo da Divina Misericórdia, o amado Pastor da Igreja, João Paulo II, passou deste mundo para o Pai. Toda a Igreja em oração acompanhou o seu trânsito, especialmente os jovens.

João Paulo II foi o 264º Papa. A sua memória permanece no coração da Igreja e da humanidade inteira.

Karol Wojtyła, eleito Papa a 16 de outubro de 1978, nasceu em Wadowice, cidade a 50 quilômetros de Cracóvia, a 18 de maio de 1920 e foi batizado dois dias depois na igreja paroquial pelo sacerdote Francisco Zak.

Aos nove anos recebeu a Primeira Comunhão e aos 18 o sacramento da Confirmação. Interrompidos os estudos, porque as forças de ocupação nazistas tinham fechado a Universidade, trabalhou numa mina e, em seguida, na fábrica química Solvay.

A partir de 1942, sentindo-se chamado ao sacerdócio, frequentou os cursos de formação do seminário clandestino de Cracóvia. A 1º de novembro de 1946 recebeu a ordenação sacerdotal das mãos do Cardeal Adam Sapieha. Depois foi enviado a Roma, onde obteve a licenciatura e o doutoramento em teologia, com a tese que tinha por título Doctrina de fide apud Sanctum Ioannem a Cruce.

Regressou depois à Polônia, onde desempenhou alguns cargos pastorais e ensinou as sagradas disciplinas. A 04 de julho de 1958 o Papa Pio XII nomeou-o Bispo Auxiliar de Cracóvia. E Paulo VI, em 1964, destinou-o à mesma sede como Arcebispo. Como tal interveio no Concílio Vaticano II. Paulo VI criou-o Cardeal a 26 de junho de 1967.

No Conclave foi eleito Papa pelos Cardeais a 16 de outubro de 1978 e assumiu o nome de João Paulo II. A 22 de outubro, Dia do Senhor, iniciou solenemente o seu Ministério Petrino.

O pontificado de João Paulo II foi um dos mais longos da história da Igreja. Nesse período, sob vários aspectos, verificaram-se muitas mudanças. Conta-se a queda de certos regimes, para a qual ele mesmo contribuiu. A fim de anunciar o Evangelho realizou muitas viagens, em várias nações.

João Paulo II exerceu o Ministério Petrino com incansável espírito missionário, dedicando todas as suas energias, impelido pela sollicitudo omnium ecclesiarum e pela caridade aberta à humanidade inteira. Mais do que qualquer Predecessor encontrou o Povo de Deus e os responsáveis das nações, nas celebrações, nas Audiências gerais e especiais e nas Visitas pastorais.

O seu amor pelos jovens estimulou-o a iniciar as Jornadas Mundiais da Juventude, convocando milhões de jovens em várias partes do mundo.

Promoveu com sucesso o diálogo com os judeus e com os representantes das outras religiões, convocando-os por vezes em encontros de oração pela paz, especialmente em Assis.

Alargou notavelmente o Colégio dos Cardeais, criando 231 (mais um in pectore). Convocou 15 Assembleias do Sínodo dos Bispos, 07 gerais ordinárias e 08 especiais. Erigiu numerosas Dioceses e circunscrições eclesiásticas, em particular no leste europeu.

Reformou os Códigos de Direito Canônico Ocidental e Oriental, criou novas instituições e reorganizou a Cúria Romana.

Como sacerdos magnus exerceu o ministério litúrgico na Diocese de Roma e em todo o mundo, em plena fidelidade ao Concílio Vaticano II. Promoveu de maneira exemplar a vida e a espiritualidade litúrgica e a oração contemplativa, especialmente a adoração eucarística e a oração do Santo Rosário (cf. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae).

Sob a sua guia a Igreja aproximou-se do terceiro milênio e celebrou o Grande Jubileu do Ano 2000, segundo as orientações indicadas com a Carta Apostólica Tertio millennio adveniente.

Depois, a Igreja aproximou-se da nova era, recebendo para ela novas indicações na Carta Apostólica Novo millennio ineunte, na qual se mostrava aos fiéis o caminho do tempo futuro. 

Com o Ano da Redenção, o Ano Mariano e o Ano da Eucaristia, promoveu a renovação espiritual da Igreja. Deu um extraordinário impulso às canonizações e beatificações, para mostrar inumeráveis exemplos da santidade de hoje, que servissem de estímulo aos homens do nosso tempo. Proclamou Doutora da Igreja Santa Teresa do Menino Jesus.

O magistério doutrinal de João Paulo II é muito rico. Guarda do depósito da fé, ele dedicou-se com sabedoria e coragem à promoção da doutrina católica, teológica, moral e espiritual, e a contrastar durante todo o seu Pontificado tendências contrárias à genuína tradição da Igreja.

Entre os documentos principais contam-se 14 Encíclicas, 15 Exortações Apostólicas, 11 Constituições Apostólicas, 45 Cartas Apostólicas, além das Catequeses propostas nas Audiências gerais e das alocuções pronunciadas em todas as partes do mundo. Com o seu ensinamento João Paulo II confirmou e iluminou o Povo de Deus com a doutrina teológica (sobretudo nas primeiras três grandes Encíclicas Redemptor hominis, Dives in misericordia, Dominum et vivificantem), antropológica e social (Encíclicas Laborem exercens, Sollicitudo rei socialis, Centesimus annus), moral (Encíclicas Veritatis splendor, Evangelium vitae), ecumênica (Encíclica Ut unum sint), missiológica (Encíclica Redemptionis missio), mariológica (Encíclica Redemptoris Mater).

Promulgou o Catecismo da Igreja Católica, à luz da Tradição, autorizadamente interpretada pelo Concílio Vaticano II.

O seu magistério culminou na Encíclica Ecclesia de Eucharistia e na Carta Apostólica Mane nobiscum Domine, durante o Ano da Eucaristia.

João Paulo II deixou a todos um testemunho admirável de piedade, de vida santa e de paternidade universal.

As testemunhas das celebrações e da inumação.

Corpus Ioannis Pauli P. M.
Vixit annos LXXXIV, menses X dies XV
Ecclesiae Universae praefuit annos XXVI menses V dies XVII

Semper in Christo vivas, Pater Sancte!


Fonte: Santa Sé.

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