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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Homilia do Papa: VI Domingo do Tempo Comum - Ano A

Visita Pastoral à Paróquia romana de São Tomé Apóstolo
Homilia do Papa Francisco
Domingo, 16 de fevereiro de 2014

Uma vez, os discípulos de Jesus estavam comendo trigo, porque tinham fome; no entanto, era sábado, e no sábado era proibido comer trigo. Pegavam nos grãos e faziam assim [esfrega as mãos]; depois, comiam o trigo. E [os fariseus] diziam: «Mas olha o que eles estão a fazer! Quem faz isto vai contra a lei e mancha a alma, porque deixa de cumprir a lei!». E Jesus respondeu: «Não mancha a alma aquilo que nós pegamos de fora. O que mancha a alma provém de dentro, do teu coração!». Creio que hoje nos fará bem pensar não tanto se a minha alma é pura ou impura, mas pensar naquilo que se encontra no meu coração, o que conservo dentro de mim, aquilo que só eu e ninguém mais sabe que existe. Devemos dizer a verdade a nós mesmos: e isto não é fácil! Porque sempre procuramos esconder-nos, quando sentimos que algo não está bem dentro de nós, não? Para que isto não saia, não? O que se esconde no nosso coração: o amor? Pensemos: amo os meus pais, os meus filhos, a minha esposa, o meu marido, a gente do bairro, os doentes? Amo? Há ódio? Odeio alguém? Pois muitas vezes descobrimos que há ódio, não? «Amo todos, exceto este, aquele, aquela!». Isto é ódio, não? O que se esconde no meu coração, o perdão? Há uma atitude de perdão em relação àqueles que me ofenderam, ou então uma atitude de vingança - «vais pagar-me por isso!». Devemos perguntar-nos o que temos dentro de nós, porque aquilo que está dentro sairá e fará mal, se for mal; e se for bom, sairá e fará bem. E é muito bonito dizer a verdade a nós mesmos, envergonhar-nos quando nos encontramos numa situação que não é como aquela que Deus quer, que não é boa; quando o meu coração se encontra numa situação de ódio, de vingança, de muitas situações pecaminosas. Como está o meu coração?

Hoje Jesus dizia, por exemplo - só citarei um exemplo: «Ouvistes que aos antigos foi dito: “Não matarás!”. Mas Eu digo-vos, quem se ira contra o seu próprio irmão, mata-o no seu coração!» (cf. Mt 5,21). E quem quer que insulte o seu irmão, mata-o no seu coração; quem quer que odeie o seu irmão, mata-o no seu coração; quem quer que fale mal do seu irmão, mata-o no seu coração. Talvez não nos demos conta disto, e depois falamos, «mandamos» a um e ao outro, maldizemos este e aquele... E isto significa matar o irmão. Por isso, é importante saber o que temos dentro de nós, o que acontece no nosso coração. Se alguém entende o seu irmão, as pessoas, ama porque perdoa: compreende, perdoa, é paciente... Trata-se de amor ou de ódio? Devemos distinguir bem isto. E pedir ao Senhor duas graças. A primeira: saber o que se esconde no meu coração, para não errar, para não viver enganado. A segunda graça: fazer o bem que se encontra no nosso coração, e não o mal que ali se esconde. E a propósito de «matar», recordemo-nos que as palavras matam. Também os desejos negativos contra o próximo matam. Muitas vezes, quando ouvimos as pessoas falar mal dos outros, parece que o pecado da calúnia e o pecado da difamação foram eliminados do decálogo, mas falar mal de uma pessoa é pecado. E por que motivo falo mal de alguém? Porque no meu coração se escondem o ódio, a antipatia, e não o amor. Devemos pedir sempre esta graça: saber o que acontece dentro do meu coração, para fazer sempre a escolha recta, a escolha do bem. E que o Senhor nos ajude a amar-nos uns aos outros. E se eu não consigo gostar de uma pessoa, por que motivo não posso? Devo rezar por aquela pessoa, para que o Senhor me leve a gostar dela. E assim ir em frente, recordando que quanto mancha a nossa vida é aquilo que de negativo sai do nosso coração. E que o Senhor nos ajude!


Fonte: Santa Sé.

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