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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Homilia do Papa na Missa em Cagliari

VISITA PASTORAL A CAGLIARI
SANTA MISSA NO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE BONÁRIA
HOMILIA DO SANTO PADRE FRANCISCO
Praça em frente ao Santuário de Nossa Senhora de Bonária, Cagliari
Domingo, 22 de Setembro de 2013

Hoje realiza-se aquele desejo que eu tinha anunciado na Praça de São Pedro, antes do Verão, de poder visitar o Santuário de Nossa Senhora de Bonaria.
Vim para compartilhar convosco alegrias e esperanças, dificuldades e compromissos, ideais e aspirações da vossa Ilha, e para vos confirmar na fé. Também aqui em Cagliari, assim como na Sardenha inteira, não faltam dificuldades - há tantas! - problemas e preocupações: penso, de modo particular, na falta de trabalho, na sua precariedade e, portanto, na incerteza em relação ao futuro. A Sardenha, esta vossa bonita Região, sofre desde há tempos muitas situações de pobreza, acentuadas também pela sua condição insular. É necessária a colaboração leal de todos, com o compromisso dos responsáveis das instituições - também da Igreja - para assegurar às pessoas e às famílias os direitos fundamentais e fazer crescer uma sociedade mais fraterna e solidária. Garantir o direito ao trabalho, o direito a trazer o pão para casa, o pão ganho mediante o trabalho! Estou próximo de vós! Estou próximo de vós, recordo-me de vós na oração e encorajo-vos a perseverar no testemunho dos valores humanos e cristãos, tão profundamente radicados na fé e na história deste território e da sua população. Conservai sempre acesa a chama da esperança!
Vim ao meio de vós para me pôr convosco aos pés de Nossa Senhora, que nos oferece o seu Filho. Bem sei que Maria, nossa Mãe, está no vosso coração, como testemunha este Santuário, onde muitas gerações de sardos vieram - e continuarão a vir! - para invocar a salvaguarda de Nossa Senhora de Bonaria, máxima Padroeira da Ilha. Aqui vós trazeis as alegrias e os sofrimentos desta terra, das suas famílias e também daqueles filhos que vivem distantes e que muitas vezes partiram, com profundo sofrimento e saudade, em busca de um trabalho e de um futuro para si mesmos e para os seus entes queridos. Hoje, todos nós aqui reunidos queremos dar graças a Maria, porque está sempre próxima de nós; queremos renovar-lhe a nossa confiança e o nosso amor.
A primeira Leitura que ouvimos mostra-nos Maria em oração, no Cenáculo, juntamente com os Apóstolos. Maria ora, reza com a comunidade dos discípulos e ensina-nos a ter plena confiança em Deus, na sua misericórdia. Nisto consiste o poder da oração! Não nos cansemos de bater à porta do Coração de Deus! Levemos ao Coração de Deus, através de Maria, a nossa vida inteira, cada um dos nossos dias! Batamos à porta do Coração de Deus!
Ao contrário, no Evangelho nós vislumbramos sobretudo o último olhar que Jesus dirige à sua Mãe (cf. Jo 19, 25-27). Da Cruz, Jesus olha para a sua Mãe e confia-lhe o Apóstolo João, dizendo: Eis o teu filho! Em João todos estão presentes, também nós, e o olhar de amor de Jesus confia-nos à salvaguarda materna da Mãe. Maria ter-se-á recordado de outro olhar de amor, quando era jovem: o olhar de Deus Pai, que se tinha voltado para a sua humildade, para a sua pequenez. Maria ensina-nos que Deus não nos abandona, que Ele pode fazer maravilhas inclusive com a nossa debilidade. Tenhamos confiança nele! Batamos à porta do seu Coração!
Eis o terceiro pensamento: hoje vim ao meio de vós, aliás, viemos todos juntos para fitar o olhar de Maria, porque ali está como que reflectido o olhar do Pai, que fez dela a Mãe de Deus, e o olhar do Filho da Cruz, que fez dela a nossa Mãe. E hoje é com aquele olhar que Maria nos fita. Temos necessidade do seu olhar de ternura, do seu olhar materno que nos conhece melhor do que qualquer outro, do seu olhar repleto de compaixão e desvelo. Maria, hoje queremos dizer-te: Mãe, dirige-nos o teu olhar! O teu olhar leva-nos para Deus, o teu olhar é uma dádiva do Pai bom, que nos espera em cada encruzilhada do nosso caminho, é um dom de Jesus Cristo na Cruz, que carrega sobre os ombros os nossos sofrimentos, as nossas dificuldades, o nosso pecado. E para encontrar este Pai cheio de amor, hoje digamos-lhe: Mãe, dirige-nos o teu olhar! Digamo-lo todos juntos: «Mãe, dirige-nos o teu olhar!». «Mãe, dirige-nos o teu olhar!».
No caminho muitas vezes difícil não estamos sozinhos, somos numerosos, somos um povo, e o olhar de Nossa Senhora ajuda-nos a olhar uns para os outros de modo fraterno. Olhemos uns para os outros de forma mais fraterna! Maria ensina-nos a ter aquele olhar que procura acolher, acompanhar e proteger. Aprendamos a ver-nos uns aos outros sob o olhar maternal de Maria! Existem pessoas que, instintivamente, nós consideramos menos e que, ao contrário, têm mais necessidades: os mais abandonados, os enfermos, aqueles que não têm do que viver, quantos não conhecem Jesus, os jovens que estão em dificuldade e que não encontram trabalho. Não tenhamos medo de sair e fitar os nossos irmãos e irmãs com o olhar de Nossa Senhora, daquela que nos convida a ser irmãos autênticos. E não permitamos que algo ou alguém se interponha entre nós e o olhar de Nossa Senhora. Mãe, dirige-nos o teu olhar! Ninguém no-lo esconda! O nosso coração de filhos saiba defendê-lo de tantos impostores que prometem ilusões; daqueles que têm um olhar ávido de vida fácil, de promessas que não se podem cumprir. Que eles não nos roubem o olhar de Maria, cheio de ternura, que nos dá força e nos torna solidários uns com os outros. Digamos todos juntos: Mãe, dirige-nos o teu olhar! Mãe, dirige-nos o teu olhar! Mãe, dirige-nos o teu olhar!


Fonte: Santa Sé

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