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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Discurso do Papa: Rosário na Festa da Visitação de Maria

Recitação do Santo Rosário na Festa da Visitação de Maria
Palavras do Papa Francisco
Praça de São Pedro
Sexta-feira, 31 de maio de 2013

Estimados irmãos e irmãs,
Esta tarde rezamos juntos o Santo Rosário; repercorremos alguns acontecimentos do caminho de Jesus, da nossa salvação, juntamente com aquela que é a nossa Mãe, Maria, aquela que com mão firme nos guia rumo ao seu Filho Jesus. Maria guia-nos sempre para Jesus.

Hoje celebramos a Festa da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria à sua parente Isabel. Gostaria de meditar convosco este mistério que indica como Maria enfrenta o caminho da sua vida com grande realismo, humanidade e consistência.

Três palavras resumem a atitude de Maria: escuta, decisão e ação; escuta, decisão e ação. Palavras que indicam um caminho também para nós diante daquilo que o Senhor nos pede na vida. Escuta, decisão e ação.

1. Escuta. De onde nasce o gesto de Maria, de ir visitar a sua parente Isabel? De uma palavra do Anjo de Deus: «Também Isabel, tua parente, concebeu um filho na sua velhice...» (Lc 1,36). Maria sabe ouvir a Deus. Atenção: não se trata de um simples «escutar», um ouvir superficial, mas é uma «escuta» feita de atenção, de acolhimento e de disponibilidade a Deus. Não é o modo distraído com que às vezes nos colocamos diante do Senhor ou perante os outros: escutamos as palavras, mas não ouvimos verdadeiramente. Maria está atenta a Deus, ouve Deus.

Mas Maria ouve também os acontecimentos, ou seja, lê os eventos da sua vida, está atenta à realidade concreta e não se limita à superfície, mas vai às profundezas, para compreender o seu significado. A parente Isabel, que já é idosa, está grávida: este é o acontecimento. Mas Maria está atenta ao significado, sabe compreendê-lo: «Para Deus nada é impossível» (Lc 1,37).

Isto é válido também na nossa vida: escuta de Deus que nos fala, e escuta também da realidade quotidiana, atenção às pessoas, aos acontecimentos, porque o Senhor está à porta da nossa vida e bate de muitos modos, lançando sinais ao longo do nosso caminho; dá-nos a capacidade de vê-lo. Maria é a Mãe da escuta, da escuta atenta de Deus e da escuta igualmente atenta dos acontecimentos da vida.

2. A segunda palavra: decisão. Maria não vive «apressada», ansiosamente, mas, como são Lucas ressalta, «meditava tudo no seu coração» (Lc 2,19.51). E também no momento decisivo da Anunciação do Anjo, Ela pergunta: «Como acontecerá isto?» (Lc 1,34). Mas não se detém nem sequer no momento da reflexão; dá um passo em frente: decide. Não vive apressadamente, mas só quando é necessário «vai às pressas». Maria não se deixa levar pelos acontecimentos, não evita o cansaço da decisão. E isto acontece tanto na escolha fundamental que mudará a sua vida - «Eis a serva do Senhor...» (Lc 1,38) - como nas opções mais quotidianas, também elas ricas de significado. Vem ao meu pensamento o episódio das bodas de Caná (Jo 2,1-11): também aqui se vê o realismo, a humanidade e a consistência de Maria, que permanece atenta aos acontecimentos e aos problemas; ela vê e compreende a dificuldade daqueles dois jovens esposos aos quais vem a faltar o vinho da festa, medita e sabe que Jesus pode fazer algo, e assim decide dirigir-se ao Filho para que intervenha: «Eles já não têm vinho» (Jo 2 3). Decide.

Na vida é difícil tomar decisões, e muitas vezes tendemos a adiar, a deixar que outras pessoas decidam por nós, frequentemente preferimos deixar-nos levar pelos acontecimentos, seguir a moda do momento; às vezes sabemos o que devemos levar a cabo, mas não temos a coragem de fazê-lo, ou parece-nos demasiado difícil porque significa ir contra a corrente. Na Anunciação, na Visitação e nas bodas de Caná Maria vai contra a corrente; Maria vai contra a corrente; põe-se à escuta de Deus, medita, procura compreender a realidade e decide confiar-se totalmente a Deus, e embora esteja grávida decide ir visitar a sua parente idosa, decide confiar-se ao Filho com insistência para salvar a alegria das bodas.

3. A terceira palavra: ação. Maria pôs-se a caminho «apressadamente...» (Lc 1,39). No domingo passado [na visita à Paróquia romana dos Santos Zacarias e Isabel] sublinhei este modo de agir de Maria: não obstante as dificuldades, as críticas que terá recebido devido à sua decisão de partir, não se detém diante de nada. E assim vai «depressa». Na oração diante de Deus que fala, ponderando e meditando sobre os acontecimentos da sua vida, Maria não tem pressa, não se deixa levar pelo momento, não se deixa arrastar pelos eventos. Mas quando compreende claramente o que Deus lhe pede, o que deve levar a cabo, não hesita, não se atrasa, mas vai «depressa». Santo Ambrósio comenta: «A graça do Espírito Santo não permite demoras» (Expositio Evangelii secundum Lucam, II, 19: PL 15, 1560). O agir de Maria é uma consequência da sua obediência às palavras do Anjo, mas unido à caridade: vai visitar Isabel para lhe ser útil; e neste gesto de sair da sua casa, de si mesma por amor, leva consigo aquilo que possui de mais precioso: Jesus; leva o Filho.

Às vezes, também nós nos limitamos à escuta, à reflexão sobre aquilo que deveríamos levar a cabo, e talvez compreendamos claramente a decisão que devemos tomar, mas não realizamos a passagem para a ação. E sobretudo não colocamos em jogo a nós mesmos, movendo-nos «depressa» rumo aos outros para lhes prestar a nossa ajuda, a nossa compreensão e a nossa caridade; para levar também nós, a exemplo de Maria, aquilo que possuímos de mais precioso e que recebemos, Jesus e o seu Evangelho, com a palavra e sobretudo com o testemunho concreto do nosso agir.

Maria, Mulher da escuta, da decisão e da ação.

Maria, Mulher da escuta, abre os nossos ouvidos; faz com que saibamos ouvir a Palavra do teu Filho Jesus, no meio das mil palavras deste mundo; faz com que saibamos ouvir a realidade em que vivemos, cada pessoa que encontramos, especialmente quem é pobre e necessitado, quem se encontra em dificuldade.

Maria, Mulher da decisão, ilumina a nossa mente e o nosso coração, a fim de que saibamos obedecer à Palavra do teu Filho Jesus, sem hesitações; concede-nos a coragem da decisão, de não nos deixarmos arrastar para que outros orientem a nossa vida.

Maria, Mulher da ação, faz com que as nossas mãos e os nossos pés se movam «apressadamente» rumo aos outros, para levar a caridade e o amor do teu Filho Jesus, para levar ao mundo, como tu, a luz do Evangelho. Amém!


Fonte: Santa Sé.

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