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sábado, 15 de dezembro de 2012

O Advento segundo Guido Marini

Em novembro de 2010, o jornal italiano Avvenire entrevistou Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas do Santo Padre, sobre o sentido do tempo do Advento. Segue nossa tradução do original italiano, publicado no site da Santa Sé:


Qual é o significado do Advento?
O Advento é o tempo da espera. Da espera que faz referência a uma vinda, que é a vinda do Senhor Jesus, o Filho de Deus, o único Salvador do mundo. O povo cristão, neste tempo forte do ano litúrgico, vive a própria fé renovando a consciência alegre de uma tríplice vinda do Senhor, aquela de que falaram também os Padres da Igreja.
Uma primeira vinda, da qual fazemos grata memória, é aquela do Filho de Deus na história dos homens, no momento da Encarnação. Uma segunda vinda é aquela que se realiza no hoje da vida, e que é incessante. Esta toma forma em uma multiplicidade de modos, a começar da Eucaristia, presença real do Senhor em meio aos seus, e continuando com os sacramentos, a Palavra da Divina Escritura, os irmãos, especialmente se pequenos e necessitados. Uma terceira vinda, a aguardar na esperança, é aquela que se realizará no fim dos tempos, quando o Senhor retornará na glória e tudo será renovado n’Ele.
Igualmente, no tempo do Advento o povo cristão é chamado a renovar a consciência que a sua vida é toda contida no mistério de Cristo, Aquele que era, que é e que vem. Também por isto, o Advento é um tempo marcadamente “mariano”. A Santíssima Virgem é aquela que de modo único e irrepetível viveu na espera do Filho de Deus, é aquela que de modo singular é toda contida no mistério de Cristo.

De que modo os simples fiéis e as comunidades cristãs podem ajudar-se a viver melhor este momento forte do tempo litúrgico da Igreja?
Entrando neste tempo com uma atitude interior de quem se prepara para viver um período de conversão e de renovação, orientando decididamente a própria vida ao Senhor Jesus.
A Igreja, com o ano litúrgico, oferece periodicamente a graça de viver momentos espiritualmente fortes, ocasiões propícias para retornar com entusiasmo ao caminho para a santidade. No Advento tal entusiasmo possui um sentido singular, que é aquele da alegria. A alegria ao pensar que o Senhor já se mostrou no seu rosto de amor misericordioso e inimaginável. A alegria ao pensar que o Senhor é nosso contemporâneo e está próximo a nós hoje, no presente da nossa existência, no cotidiano simples das nossas jornadas. A alegria ao pensar que o futuro não está envolto na obscuridade, mas resplandece da luz do Céu de Deus em Cristo.
Todo isto transforma a experiência de vida em virtude de um caminho pessoal e comunitário de conversão, realizado por uma mais intensa e prolongada oração, de alguma forma penitencial e do distanciamento da mentalidade do século presente, de uma caridade mais generosa e autenticamente cristã.

Quais são as características das celebrações neste período?
A liturgia, através dos ritos e das orações, conduz à participação ativa do mistério celebrado. Portanto, nas celebrações do tempo do Advento, deve transmitir o senso da espera típico do Advento. Deve fazê-lo com suas orações, com seu canto, com seu silêncio, com suas cores e com suas luzes. Em tudo deve fazer presente o mistério do Senhor que vem, Ele que é o Princípio e o Fim da história; em tudo deve-se perceber de algum modo tocável a alegria verdadeira e sóbria da fé; em tudo deve transparecer o empenho para a mudança do coração e da mente a uma pertença mais radical a Deus.

E quais as particularidades da liturgia pontifícia?
Ainda que em um contexto específico, aquele devido à presença do Santo Padre, as liturgias pontifícias não podem deixar de apresentar as características típicas deste tempo do ano. Com uma nota a mais: a exemplaridade. Porque não se pode esquecer que as celebrações presididas pelo Papa são chamadas a ser ponto de referência para a Igreja inteira. É o Papa o Sumo Pontífice, o grande liturgo na Igreja, aquele que, também através das celebrações, exercita um verdadeiro e próprio magistério litúrgico ao qual todos devem convergir.

Este ano em particular a liturgia das Primeiras Vésperas do Advento foi inserida em uma “Vigília pela vida nascente”. Qual é o significado desta particular “combinação”?
Trata-se de uma combinação que está se revelando feliz. A iniciativa de uma “Vigília pela vida nascente”, promovida pelo Pontifício Conselho para a Família, vem desta forma inserir-se na celebração do início do Advento, um tempo muito propício para recordar o tema da vida. O Advento é o tempo da espera de Maria, que trazia no seio o Verbo de Deus feito carne. O Advento é a espera da verdadeira Vida, aquela que se manifestou no Filho de Deus feito homem, plenitude e cumprimento do desígnio de Deus para a humanidade. Naquela Vida, surgida em Belém, encontrou-se um significado novo e definitivo à dignidade de cada vida humana encontrou significado novo e definitivo. Assim, verdadeiramente, rezar pela vida nascente, no contexto das Primeiras Vésperas do início do ano litúrgico, resulta significativo e providencial.

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