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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Jubileu dos Doentes no ano 2000

No dia 11 de fevereiro do ano 2000 o Papa João Paulo II presidiu a Missa da Memória de Nossa Senhora de Lourdes na Praça de São Pedro por ocasião do Dia Mundial do Enfermo e Jubileu dos Doentes e dos Agentes de Saúde no contexto do Grande Jubileu.

Durante a Missa o Santo Padre e os concelebrantes conferiram o sacramento da Unção dos Enfermos aos doentes presentes na Praça.

Confira a homilia do Papa na ocasião:

Jubileu dos Doentes
Homilia do Papa João Paulo II
11 de fevereiro de 2000

1. “A luz do alto nos visitará” (Lc 1,78). Com estas palavras, Zacarias prenunciava a já próxima vinda do Messias ao mundo.
Na página evangélica, há pouco proclamada, revimos o episódio da Visitação: a visitação de Maria à prima Isabel, a visitação de Jesus a João, a visitação de Deus ao homem.
Caríssimos irmãos e irmãs enfermos, que estais hoje reunidos nesta Praça para celebrar o vosso Jubileu, também o evento que estamos vivendo é expressão de uma particular visitação de Deus. Com esta consciência vos acolho e vos saúdo cordialmente. Vós estais no coração do Sucessor de Pedro, que compartilha toda a vossa preocupação e anseio: sede bem-vindos! Com íntima participação celebro hoje o Grande Jubileu do ano 2000 juntamente convosco, e com os agentes da saúde, os familiares, os voluntários que estão ao vosso lado com solícita dedicação.
Saúdo Dom Javier Lozano Barragán, Presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, com os seus colaboradores, que cuidaram da organização deste encontro jubilar. Saúdo os senhores Cardeais e os Bispos presentes, assim como os Prelados e os sacerdotes que acompanharam grupos de doentes para a celebração deste dia. Saúdo o Ministro da Saúde do governo italiano e as outras autoridades presentes. Uma reconhecida saudação dirige-se, por fim, aos numerosíssimos profissionais e voluntários, que se fizeram disponíveis ao serviço dos doentes durante estes dias.


2. “A luz do alto nos visitará”. Sim! Hoje Deus visitou-nos. Em cada visitação Ele está conosco. Mas o Jubileu é experiência de uma sua visita mais singular do que nunca. Ao fazer-se homem, o Filho de Deus veio visitar cada pessoa e tornou-se para cada um a “Porta”: Porta da vida, Porta da salvação. O homem deve entrar através desta Porta se quiser encontrar a salvação. Cada um é convidado a cruzar este limiar.

Hoje sois convidados a cruzá-la, especialmente vós, queridos enfermos e sofredores, vindos de Roma, da Itália e do mundo inteiro à Praça de São Pedro. Sois convidados também vós que, unidos através de uma especial ponte televisiva, vos unis a nós na oração desde o Santuário de Czestochowa na Polônia: chegue a vós a minha saudação cordial, que de bom grado faço extensiva a quantos mediante a televisão e a rádio seguem na Itália e no estrangeiro a nossa celebração.
Caríssimos irmãos e irmãs, alguns de vós estão há anos retidos num leito de dor: peço a Deus que o encontro hodierno seja para vós de extraordinário alivio físico e espiritual! Desejo que esta comovedora celebração ofereça a todos, sadios e doentes, a oportunidade de meditar sobre o valor salvífico do sofrimento.

3. O sofrimento e a doença fazem parte do mistério do homem sobre a terra. Certamente, é justo lutar contra a doença, porque a saúde é um dom de Deus. Mas é importante também saber ler o desígnio de Deus quando o sofrimento bate à nossa porta. A “chave de leitura” é constituída pela Cruz de Cristo. O Verbo encarnado veio ao encontro da nossa debilidade, assumindo-a sobre si no mistério da Cruz. A partir de então, todo o sofrimento adquiriu uma possibilidade de sentido, que o torna singularmente precioso. Há dois mil anos, desde o dia da Paixão, a Cruz brilha como suprema manifestação do amor que Deus tem por nós. Quem a sabe acolher na sua vida experimenta como o sofrimento, iluminado pela fé, se torna fonte de esperança e de salvação.
Queridos doentes chamados neste momento a carregar uma cruz mais pesada, Cristo seja para vós a Porta. Cristo seja a Porta também para vós, caros acompanhantes, que cuidais deles. Como o bom Samaritano, todo o crente deve oferecer amor a quem vive no sofrimento. Não é consentido “passar adiante” perante quem é provado pela doença. É preciso, antes, deter-se, inclinar-se sobre a sua enfermidade e compartilhá-la de maneira generosa, aliviando-lhe os pesos e as dificuldades.

4. São Tiago escreve: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja e que estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo no nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o levantará; e, se cometeu pecados, lhe serão perdoados” (Tg 5,14-15). Reviveremos de modo singular esta exortação do Apóstolo quando, daqui a pouco, alguns de vós, queridos doentes, receberem o sacramento da Unção dos Enfermos. Ao dar de novo vigor espiritual e físico, ele põe em grande evidencia o fato de Cristo ser para a pessoa sofredora a Porta que conduz à vida.
Queridos doentes, este é o momento culminante do vosso Jubileu! Ao cruzardes o limiar da Porta Santa, uni-vos a todos aqueles que, em toda a parte do mundo, já a atravessaram e a quantos hão de cruzá-la durante o Ano Jubilar. Passar através da Porta Santa seja sinal do vosso ingresso espiritual no mistério de Cristo, o Redentor crucificado e ressuscitado, que por amor “tomou sobre si as nossas doenças e carregou as nossas dores” (Is 53,4).

5. A Igreja entra no novo milênio estreitando no seu coração o Evangelho do sofrimento, que é anúncio de redenção e de salvação. Irmãos e irmãs doentes, vós sois testemunhas singulares deste Evangelho. O terceiro milênio espera dos cristãos sofredores este testemunho. Espera-o também de vós, agentes da Pastoral da Saúde que, com papeis diversos, exerceis ao lado dos doentes uma missão tão significativa e muito apreciada.
Incline-se sobre cada um de vós a Virgem Imaculada, que em Lourdes nos veio visitar, como hoje recordamos com alegria e reconhecimento. Na Gruta de Massabielle, ela confiou a Santa Bernadette uma mensagem que leva ao coração do Evangelho: à conversão e à penitencia, à oração e ao confiante abandono nas mãos de Deus.
Com Maria, a Virgem da Visitação, elevemos também nós ao Senhor o “Magnificat”, que é o cântico da esperança de todos os pobres, doentes e sofredores do mundo, que exultam de alegria porque sabem que Deus está ao seu lado como Salvador.
Então juntamente com a Virgem Santíssima queremos proclamar: “A minha alma glorifica o Senhor”, e dirigir os nossos passos rumo à verdadeira Porta jubilar: Jesus Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre!

O Papa João Paulo II no Jubileu dos Doentes

Fonte: Santa Sé.

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